sábado, 19 de novembro de 2011

Jogo de cena, cena do jogo



Mulheres abandonadas, eu vos amo

Mulheres, mulheres
Estórias de ontem e de hoje
Conte-me o que se passou
Conte-me novamente

Estórias, estórias
As diferentes mesmas
Contadas por Flávia
E também por Andréa

Eu jogo com você
Você joga com você
Você joga comigo
E nós jogamos com as estórias.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Azul e a Liberdade na trilogia das cores

A imensidão azul do filme de Krzysztof Kieslowski é avassaladora. Não só a azul, mas também a quase neutra dos cafés da não turística Paris.

Em um ambiente quase úmido pelas quase lágrimas, passamos mais do que rapidamente de uma estrada para os detalhes da tristeza de Julie, que em seu período de luto, busca a liberdade ao fugir das armadilhas da vida, luxo, amores, vínculos, lembranças, medo, tudo o que daria a ela gana de viver. 







Enredo a parte, o filme se destaca pela acuidade de seu diretor. Cheio de detalhes e com o tempo certo para que o espectador entenda que a protagonista está concentrada em seu mundinho, como o torrão de açúcar absorver café em 5 segundos, Kieslowski se preocupou em deixar entendível o abandono de Julie para com o resto do mundo.

Entre outras coisas, também se destaca a personificação da trilha sonora, que persegue Julie, lembrando-a sempre do passado e da dor, e a fotografia, que vinculada aos demais elementos, traz o azul como uma matéria que remete à tristeza, e as luzes provenientes de reflexos de líquidos, como se Julie estivesse derretendo por dentro.



Sem controle


E agora, Julie?
Está sem família
Está sem colo de mãe
Não consegue morrer
Não consegue viver
Não consegue amar

Já não pode chorar
Já não pode cantar
Já não pode tocar
Sentir não quer mais
E agora, Julie?

Vai buscar outro canto
Aquele que não lembre ninguém
Do passado só o lustre
Azul como a tristeza
Que estremece só de olhar

E agora Julie?
O tempo avança
A música a acompanha
O medo permanece
E sua filosofia vai ficando para trás

E agora Julie,
Voltarás para o mesmo colchão?
E agora, você?
Que também se transforma
Que não tem onde se apoiar
Você que se joga no Azul

Paula Rocha,
Outubro de 2011
Pensando no José de Drummond

sábado, 24 de setembro de 2011

O Anjo Azul

Alemanhã, 1930, milhões de desempregados, falências e a produção caindo em todos os setores, é a crise econômica recomeçando com força total. Na política, além dos golpes de direita e esquerda já sucedidos, o partido nazista acaba de eleger mais deputados do que o partido comunista, é a ‘era Hitler’ se fortalecendo.
Em meio a este cenário desolador, a indústria do cinema estava a ponto de lançar um dos mais cultuados filmes alemão, “O Anjo Azul”, com características expressionistas (observadas nos cenários, ao fazer uso de sombras, e ao tratar a degradação moral da nobreza intelectual alemã materializada em um personagem). Baseado no livro Professor Unrat de Heinrich Mann, o filme é a obra decisiva na vida de seu diretor, Joseph Von Sternberg, que é convidado a dirigir devido a sua experiência com o cinema sonoro.





Em termos de câmera, o filme traz características ainda do cinema mudo com traços teatrais, muitos enquadramentos fixos e alguns movimentos sutis, prendendo os personagens – e nós espectadores – dentro de cenários escuros e enredados pela decoração marítima da cidade e do cabaré em que se passa parte importante da estória.
Mas o elemento que se destaca, principalmente por ser muito novato no cinema, é som. Com apenas 3 anos desde o primeiro filme sonoro, “O Anjo Azul” usou este elemento não somente como um componente de aproximação da realidade, mas também para ligar planos (cena inicial da cidade e sua rotina) e construir espaços off (som quando abre a porta do camarim de Lola-Lola e na sala de aula). Mas estas mesmas cenas que constroem os espaços off também apresentam as portas e janelas como materiais isolantes, que são usados de forma displicente – a porta do camarim e a porta da sala de aula quando os alunos estão zombando do professor não têm o mesmo poder de isolar.
Linguagem cinematográfica à parte, vale destacar que o resultado foi satisfatório para seus realizadores contando com o sucesso que fez, e também foi responsável pela criação do mito “Marlene Dietrich”, a mulher fatal.







Na cátedra sou autoridade
Posso falar de Hamlet
Ser ou não ser não é a questão
Pratique e aceite
Fale com Shakespeare
Seja assim, um exemplo
Seja um homem sério
Seja um homem culto

Não importa o que tem lá fora
Teu comportamento é mau
Não está certo
Lá não é lugar para vocês
Volte para casa
Descanse para o dia de amanhã

Amanhã sairei para desculpar-me
Ou talvez seja somente pelo prazer
Agora sei o que tem lá
Lá tem encanto
Tem canto
Tem pernas para me apoiar

Agora lá quero ficar
E esbaldar nessa loucura
Esqueça Shakespeare ou o resto que já esqueci
Só quero a aliança
O amor de Lola
Viver e brindar

O tempo queima
E minha vitalidade se esvai
Fiquei sem a literatura
Fiquei sem a dignidade
Acabei no cabaré
Humilhado, sem eira, nem beira, nem pernas
E da vida de antes
Só a sala vazia

Paula Rocha, 09/2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Filmes domínio público

O site http://www.archive.org/ disponibiliza obras que estão em domínio público. Lá podemos fazer download dos filmes do Méliès, entre outros.

Viagem à Lua, de Georges Méliès (1902)

Um dos primeiros e já um clássico, 'Viagem à Lua', de Méliès, é um filme inegavelmente teatral.
Méliès é quem começa a brincar com a ficção no cinema, ao perceber a potencialidade da câmera de filmar para além dos simples registros.

Primeiros filmes (1895)

Aqui podemos assistir aos primeiros filmes, ou melhor, aos primeiros registros de uma câmera.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Brevemente, o começo.

O século XIX apresentou algumas invenções importantes que mudaram a vida das pessoas e o rumo da tecnologia no mundo, entre estas podemos citar: máquinas fotográficas, gramofones, telefones, máquinas de escrever, e a mais importante de todas, o CINEMA, entre outras.

O nascimento do cinema surge a partir de uma série de pesquisas e técnicas de vários cientistas (inclusive Thomas Edison), mas que culmina com construção do cinematógrafo, resultado da vontade dos irmãos Lumière em captar imagens reais. O aparelho além de filmar ainda era capaz de projetar as imagens as imagens filmadas por ela, e por isso fez tanto sucesso.

Oficialmente o cinema nasce em 28 de dezembro de 1895, em Paris (embora tenha acontecido anteriormente algumas sessões anteriores a esta data), com a apresentação do filme dos irmãos Lumière, que segundo Chrisitian Metz possibilitou “injetar na irrealidade da imagem a realidade do movimento e, assim, atualizar o imaginário a um grau nunca dantes alcançado”.